sábado, 18 de setembro de 2010

Durkheim e a Educação

Frases de Durkheim a respeito da educação:


"A educação tem por objetivo suscitar e desenvolver na criança estados físicos e morais que são requeridos pela sociedade política no seu conjunto”

“A sociedade e cada meio social particular determinam o ideal que a educação realiza” 

"...toda educação consiste num esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, sentir e agir às quais elas não chegariam espontaneamente..." 



 Para Durkheim a educação é para construir consciência social, “superar a si mesmo”. É algo “moralizador” e não apenas para ensinar coisas técnicas para o trabalho.

A Sociologia de Émile Durkheim


Émile Durkheim nasceu em Épinal, Departamento de Vosges, em 15 de abril de 1858 em uma família judia. Foi o fundador da Escola Francesa de Sociologia, que combinava pesquisa empírica com teoria sociológica.  Seu pai era rabino e ele próprio teve seu momento de misticismo abandonando depois de ir à Paris. Em sua obra explica os fenômenos religiosos em uma perspectiva social e não divina.  Iniciou seus estudos filosóficos na Escola Normal Superior de Paris. Entrou na École Normale Supérieure em 1879 , onde teve contato com as obras de Augusto Comte e Herbert Spencer que o influenciaram muito na questão de trazer cientificidade às pesquisas das humanidades. Suas principais obras são: Da divisão do trabalho social (1893); Regras do método sociológico (1895); O suicídio (1897); As formas elementares de vida religiosa (1912). Fundou também a revista L'Année Sociologique, que afirmou a preeminência durkheimiana no mundo inteiro.
O pensamento sociológico de Durkheim parte do princípio de que o homem é um ser selvagem que apenas se tornou homem porque se socializou, ou seja, criou hábitos, costumes para poder viver em um grupo social. A este processo Durkheim chamou de Socialização. A Consciência Coletiva seria formada durante a socialização e seria formada por tudo aquilo que nos orienta de maneira a viver em sociedade. Esse “tudo” são os Fatos sociais, e para ele estes são os verdadeiros objetos de estudo da sociologia.
Podemos classificas como Fatos sociais as regras jurídicas, morais, dogmas religiosos, sistemas financeiros, maneiras de agir, costumes, etc., tudo que de alguma forma nos é cobrado para se viver em sociedade de maneira a condicionar e orientar as ações dos indivíduos. Porém, deve-se ressaltar, que nem todo fato comum em uma sociedade pode ser considerado um fato social.  Não é a generalidade que serve para caracterizar este fato mas sim, a influência dos padrões sociais e culturais na sociedade como um todo.
As características de um fato social são:
Coercitividade – característica relacionada com o poder, ou a força, com a qual os padrões culturais de uma sociedade se impõem aos indivíduos que a integram, obrigando esses indivíduos a cumpri-los.
Exterioridade – relaciona-se ao fato de esses padrões culturais serem exteriores ao indivíduo e independentes de sua consciência.
Generalidade – os fatos sociais são coletivos, ou seja, eles não existem para um único indivíduo, mas para todo um grupo, ou sociedade.

            Com a publicação de As regras do método sociológico, Durkheim ganha mais mérito pois expõe a metodologia de seu trabalho. Embora a grande maioria desta seja extraída das ciências naturais, a partir deste ponto, a pesquisa de Durkheim recebe maior seriedade pois, elege as leis que comandam ao fatos sociais.
Em seus estudos, Durkheim conclui que os fatos sociais atingem toda a sociedade portanto devemos pensar na mesma como um todo integrado. Se a sociedade é um todo integrado, significa que a mesma está toda interligada e se algo acontecer em algum setor da sociedade todos os outros sentirão o efeito. Com isso ele desenvolve mais dois conceitos: Instituição Social e Anomia.
           A instituição social é o conjunto de regras e procedimentos padronizados socialmente, reconhecidos, e aceitos pela sociedade, cuja importância é manter a organização do grupo e satisfazer as necessidades dos indivíduos que dele participam. As instituições são conservadoras, elas agem pela manutenção da ordem. 
          A sociedade em Estado de Anomia, significava uma sociedade sem valores, sem limites, que leva o ser humano ao desespero. Durkheim preocupou-se com este desespero e, foi taxado por muitos de ‘conservador’ por não compreenderem sua preocupação. A partir disto ele passou a estudar sobre criminalidade, suicídio e religião.  A anomia era a grande inimiga da sociedade, algo que devia ser vencido, e a sociologia era o meio para isso. O papel do sociólogo seria, portanto, estudar, entender e ajudar a sociedade.
            A partir de suas pesquisas, Durkheim publica Da divisão do trabalho social, onde descreve a necessidade de uma Solidariedade Orgânica entre os indíviduos da sociedade, para assim evitar que o Estado de Anomia se instale. A solidariedade orgânica seguiria o exemplo de um organismo biológico no qual cada órgão desempenha sua função a fim de fazer com que o todo funcione plenamente. Em uma sociedade,  cada membro exerce uma função na divisão do trabalho, consequentemente ele será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e sentirá a necessidade de se manter solidário aos outros.           
                Anterior à esse tipo de solidariedade, para Durkheim, existia a Solidariedade Mecânica, que se origina das semelhanças psíquicas e sociais (e, até mesmo, físicas) entre os membros individuais. Para a manutenção desta igualdade, deve a coerção social baseada na consciência coletiva ser severa e repressiva. O progresso da Divisão Social do Trabalho faz com que a sociedade da solidariedade mecânica se transforme. 
                      Para Durkheim, o importante é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica, e não meramente mecânica.                             

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Conrack

Vamos colocar hoje a dica de um filme muito interessante, sobre a educação nos Estados Unidos. Vale a pena conferir.



Sinopse
Ilha de Yamacraw, Carolina do Sul, março de 1969. O branco Pat Conroy (Jon Voight), que no passado fora racista, chega para ser professor numa escola que tem como alunos crianças negras pobres. Na verdade toda a ilha é habitada por negros pobres, com exceção de um comerciante, que tem um pequeno negócio. A sra. Scott (Madge Sinclair), a diretora da "escola" - que é pouco mais de uma cabana - só o chama de Patroy e seus alunos de Conrack não conseguem dizer Conroy, pois no isolamento criaram seu idioma. Eles são analfabetos, não conseguem contar e nem sabem em qual país vivem. Pat tenta trazer uma educação de melhor nível, mas o primeiro obstáculo é a sra. Scott, pois chama os alunos de lentos e preguiçosos, acabando com a auto-estima deles. Além disto, ela crê que a única forma de educá-losé no chicote. Pat responde jogando fora o livro de regras e lições pedagógicas. Os estudantes respondem avidamente quando ele toca música clássica, lhes mostra filmes, lhes ensina a nadar e explica a importância de escovar os dentes. Porém o chefe de Pat, o sr. Skeffington (Hume Cronyn), que mora numa cidade próxima, está insatisfeito com os métodos de Pat, que não tem medo de dizer que racismo é em grande parte culpado pela negligência dos estudantes.

domingo, 5 de setembro de 2010

Educação no Capitalismo

No contexto do capitalismo, a escola tem como papel formar um ser humano com a capacidade de compreender e executar um saber mecânico, limitado, para que o mesmo seja apenas mais uma peça desta grande máquina e, consequentemente, não tenha conhecimento suficiente para questionar e ser ele mesmo dono de seu próprio futuro. A educação, em um primeiro momento, pode ser considerada um meio de alavancar a mudança necessária na vida de uma pessoa. Através da educação se pensa em ascenção em todos os aspectos. Ela seria a base para o que consideramos, um ser humano pleno. Porém, no lugar desse crescimento, desta mudança, percebemos que a educação neste sistema só serve para perpetuar o mesmo. O Homem tornou-se mais uma máquina. O homem controlado pelo homem.
O sistema educacional, a priori, serve para lutar contra a alienação. O que ocorre atualmente é que este mesmo sistema está sendo usado para causar a alienação. Vivemos o chamado "novo-anafalbetismo", em que as pessoas são capazes de explicar algo mas não de compreender o mesmo. As duas palavras podem parecer relacionadas entre si, mas não estão. Explicar é apenas transmitir um saber mecânico. Explicar algo não significa saber, compreender, e sim apenas reproduzir algo que foi dito ou lido anteriormente. Compreender é o estágio em que a alienação foi dissipada, é decifrar, estruturar um saber.
A educação no capitalismo é algo que se explica, mas não se compreende.